sábado, 29 de maio de 2010

Cirurgia Bariátrica não é “receita mágica”?

Cirurgia só é indicada quando o paciente não reage ao tratamento clínico - No Brasil, o número de obesos cresce consideravelmente. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), existem 68 milhões de pessoas com sobrepeso, 15 milhões com obesidade leve e 3 milhões com obesidade mórbida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) identifica como obeso o indivíduo cujo Índice de Massa Corporal (IMC) encontra-se igual ou acima de 30 e obeso mórbido aquele que possui IMC igual ou acima 40.

Paralelo à mudança no perfil epidemiológico da população, cresce a demanda pela cirurgia bariátrica. “Por ano, cerca de 10 mil pacientes são submetidos às diferentes técnicas disponíveis no País”, destaca o vice-presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Dr. Ronaldo Cuenca. O especialista ressalta que é prioritário buscar o tratamento clínico antes de enfrentar a mesa de cirurgia.

A mudança no estilo de vida é imprescindível para quem necessita perder peso de maneira convencional e também, para quem vai se submeter à cirurgia bariátrica. “Vemos hoje que 25% dos pacientes voltam a ganhar peso após 2 anos. Isso porque acharam que a operação era a única providência a ser tomada – o que está longe de ser verdade”, descreve Dr. Cuenca.

Consciência - A partir desses dados, a Amil Brasília decidiu investir no programa “Peso Saudável”, oferecido sem ônus aos usuários da operadora que se enquadram na categoria de obesos mórbidos. Antes de serem encaminhados à cirurgia, eles são assistidos por uma equipe multidisciplinar que conta com endocrinologista, cirurgião, nutricionista, psicólogo e educador físico. “O acompanhamento dura seis meses e contempla atividades educativas e terapêuticas, além do estímulo à prática de exercícios”, destaca a nutricionista Cristiane Curci, coordenadora do programa.

Em 2008 o “Peso Saudável” atendeu 162 pacientes. “Quem passa pelo acompanhamento chega bem preparado ao procedimento, com informações sobre as técnicas cirúrgicas, a fase de recuperação e consciente da importância na mudança de hábitos para o êxito no resultado esperado”, declara a nutricionista. Em alguns houve significativa redução de peso e com resultados tão favoráveis a cirurgia foi descartada e o paciente seguiu o tratamento clínico.

Banalizar a cirurgia bariátrica é um risco sem dimensões. “Já sabemos que o procedimento não é definitivo na cura da obesidade. Além disso, não podemos desprezar os riscos, os efeitos colaterais e a difícil etapa de adaptação pós-cirúrgica”, destaca a endocrinologista Renata Gali. É importante a conscientização de que a cirurgia não é a cura da obesidade mórbida, faz-se necessário toda uma preparação, mudança do estilo de vida e comprometimento para que os resultados sejam mantidos.

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