sábado, 3 de julho de 2010

Pq todas as gordinhas acabam se esquecendo?

Brasileira faz sucesso como modelo tamanho grande nos EUA

Fluvia Lacerda fala sobre a carreira e revela suas dicas de beleza


Modelo que usa roupas tamanho 48. Isso é possível? Sim, nos Estados Unidos. A brasileira Fluvia Lacerda é uma delas. Há três anos é contratada da agência Elite norte-americana para estrelar campanhas plus size.


Mesmo não sendo magra, Fluvia não descuida da saúde e da vaidade. E nem sequer deixa de se sentir sexy. Em entrevista, a modelo fala sobre sua carreira, a relação com o próprio corpo e a ditadura da magreza e ainda revela alguns segredos de beleza. Confira:

Modelo plus size
Já teve vontade de ser magra? Como superou isso?
Fluvia Lacerda – Honestamente, não. Não por rebeldia, mas porque sempre gostei de mim dessa forma. E outra, nunca associei o “ser magra” com “ser bonita”, ou que eu precisaria perder uns quilinhos para poder me curtir, me vestir bem, me amar e também cuidar de mim. Por conta disso, nunca fui escrava das dietas.
Que tipos de preconceito você já sofreu no mundo da moda devido ao peso?
Fluvia – Nunca senti preconceito algum, até mesmo porque já fui contratada para representar a realidade da maioria das mulheres. Muitas pessoas ainda pensam que, para ser modelo, é preciso ter uma silhueta minúscula e ser de pele e osso. Porém, essa idéia vem se modificando bastante, principalmente porque as mulheres se cansaram de tentar ser aquilo que não são e já não querem mais sofrer com isso. Então, ao contrário da negatividade, recebo muitos elogios. Isso faz parte de uma revolução e uma vitória de todas as mulheres, de diferentes partes do mundo. Quer um exemplo? Estilistas como o Galliano e Jean Paul Gaultier já estão incluindo mulheres mais gordinhas nas suas campanhas e nas passarelas.
Imaginou que algum dia seria modelo?
Fluvia – Nunca! Vim pra Nova Iorque para estudar inglês e outros idiomas. Sempre quis trabalhar como tradutora. Mas hoje penso que isso é uma benção, afinal, eu, vestindo tamanho 48, tenho a sorte de poder faturar em cima de quem sou, sem precisar morrer de fome. É um sonho, não?
O que você acha da ditadura da magreza no Brasil? É assim nos demais países?
Fluvia – Acho que no Brasil essa questão é mais complicada. Em Londres, Paris, Alemanha, Austrália, EUA entre outros países, existe um mercado vasto e forte se dedicando a criar opções de produtos e serviços para todos os biotipos. Tanto nas vitrines de moda quanto nas páginas de revistas é possível encontrar opções do que vestir, mesmo quando o manequim é 46 ou até maior que isso. Agora, vemos também as modelos gordinhas invadirem as campanhas de linhas de maquiagem. E isso vem acontecendo pelo simples fato das indústrias aceitarem que a maioria das mulheres não veste 34. Eles perceberam também que essas mulheres, com suas imperfeições, também possuem poder aquisitivo elevado e estão dispostas a pagar por roupas que lhes caem bem. Já no Brasil, esse mercado é praticamente inexistente. Pelo contrário, as mulheres são cada vez mais pressionadas a se submeterem a uma idéia irreal e um protótipo magro de beleza, que na maioria dos casos não vão conseguir atingir. A pior parte dessa ditadura, a meu ver, é a falta de opções do que vestir. As brasileiras que estão acima do peso e vestem manequim acima de 46 só têm duas opções: ou se conformam em se vestir terrivelmente mal, com roupas que parecem ter sido feitas para a sua avó, ou contrata uma costureira para confeccionar roupas legais, mas terá que desembolsar bem mais por isso. É um absurdo. Essas ditaduras absurdas só servem para criar uma falta de equilíbrio em qualquer sociedade.
Que conselhos você dá para as mulheres acima do peso que não conseguem encontrar roupas bonitas do seu tamanho?
Fluvia – Busquem idéias de estilos que caiam bem pro seu biótipo. Pesquisem, entrem na Internet e fiquem atentas ao que a moda do exterior pode lhe oferecer, afinal, aqui a oferta é bem maior. Depois, achem uma boa costureira. E não se limitem a vestir apenas preto. Outra dica é nunca, jamais, lançar mão das roupas ultra-apertadas! Além de deselegantes, elas não ficam bem mesmo. Vejo muitas brasileiras, até mesmo as mais magras, escolherem roupas tão apertadas que mal conseguem sentar. E é terrível. A regra número um deve da moda deve ser sempre o bom senso e o respeito pelo seu corpo.
Você costuma aconselhar as gordinhas a tentarem perder peso ou a se aceitarem de um modo saudável?
Fluvia – Aconselho as pessoas a buscarem a forma do corpo que, pessoalmente, as fará felizes consigo mesmas, afinal, de que vale viver se enganando? Se você não se sente bem acima do peso, então deve encontrar uma forma saudável de reverter esse quadro. Agora, se você se curte sendo mais cheinha e está cansada de perder tempo fazendo dietas malucas e preocupada com quantas calorias pode consumir, então esqueça as dietas e curta a vida. O importante é ser feliz. Mas sempre de forma saudável. Ser gordinha também não quer dizer sair por aí comendo tudo o que vê pela frente sem se preocupar com a saúde. Uma dieta equilibrada à base de muita verdura, frutas e legumes e adquirir hábitos saudáveis, como praticar atividades físicas diariamente, é imprescindível.
Quais os seus cosméticos favoritos? Qual o cosmético que você não sai de casa sem aplicar?
Fluvia – Não saio de casa sem bloqueador solar, nem mesmo no inverno. Adoro os cremes do Peter Thomas Roth.
E quando tem um evento mais chique, uma festa de gala, você tem algum cuidado especial com a beleza?
Fluvia – Esfoliação ajuda muito. Quando hidrato minha pele logo após uma boa esfoliação, fico com um brilho supersaudável na pele.
Você se sente à vontade na praia? O que costuma usar? Biquínis?
Fluvia – Eu amo praia e, pessoalmente, não me sinto pressionada ou mesmo necessidade de me adaptar a nada. Me visto de forma confortável e não me ligo ao que as pessoas possam achar ou coisa assim. Acredito que as pessoas sempre terão suas opiniões, não importa qual seja a sua aparência. Aprendi a não dar atenção a isso e penso mais sobre o que estarei deixando de curtir se der espaço as opiniões alheias. E tenho uma coleção de biquínis, adoro. Mas claro, sob medida para garantir o conforto do meu corpo.
O que você costuma comer de sobremesa?
Fluvia – Para a minha sorte, não sou muito fã de doces. Mas também não dispenso um bom mousse de maracujá, quando tenho a chance de provar.
Qual o seu segredo de beleza?
Fluvia – Em primeiro lugar, curtir o que Deus me deu. Somos todos únicos, com nossos defeitos e virtudes. Na parte mais trivial, beber muita água ajuda bastante!
O que você faz para se sentir sexy?
Adoro me vestir bem, colocar um salto alto, uma maquiagem legal. Mas acho que, acima disso, o segredo é sempre me sentir única. Adoro a idéia de que não sou igual a ninguém lá fora e que não preciso me conformar com aquilo que os outros julgam ser certo ou adequado. Sou o que sou e pronto!

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